2015/04/27

Maratona da Escrita

Na Semana da Leitura foram realizadas duas Maratonas da Escrita, uma pelas turmas do 2º Ciclo e outra pelas turmas do 3º ciclo. Aqui partilhamos as histórias construídas pelos alunos.

Maratona da Escrita – 2º Ciclo

Numa aldeia portuguesa, havia um conjunto de palavras, que viajava através de contos. Certo dia, o conjunto de palavras entrou numa história a preto e branco. Questionaram-se onde estariam. Havia vários caminhos longos e escuros. Entraram dentro do caminho que estava no centro, andaram e andaram, até que encontraram uma vogal. Essa vogal chamava-se Ariana, ela era muito curiosa e viajava por todo o mundo, e certo dia encontrou uma palavra chamada Benfica, ela era muito engraçada e amigável.
O conjunto de palavras continuou a sua viagem pelo livro obscuro e, quando chegaram ao fim da primeira página, encontraram uma chave misteriosa. Essa chave era diferente das outras, porque falava e era a única capaz de abrir a porta do castelo onde estava trancada a princesa Diana.
A princesa Diana era muito bonita, tinha cabelo cabelos ruivos e encaracolados, olhos verdes de cor das esmeraldas e cara salpicada de múltiplas sardas. Ela estava trancada no Castelo das Palavras Maltratadas, pois a bruxa da professora de Português resolveu castigá-la pelos erros que ao longo dos anos foi dando nos exercícios que fez. A única hipótese de libertação era aquela chave falante…
A chave misteriosa para abrir a porta do castelo exigia três sacrifícios: corrigir todos os erros ortográficos dados ao longo da vida, fazer cem quadras com rimas cruzadas e limpar o pó de duzentos livros. Ela cumpriu apenas as duas primeiras exigências, pois um cavaleiro, montado num cavalo com asas, entrou por uma das muitas janelas e conseguiu…
O cavaleiro conseguiu subir à torre onde ela estava trancada, e ajudou-a limpar os livros. Dina perguntou-lhe o nome, que era Neymar…
Neymar libertou-a do castelo e a princesa Diana agradeceu-lhe muito.
Ela dirigiu-se a Neymar e disse-lhe humildemente:
- Obrigada, Neymar, por me teres tirado deste cativeiro.
Diana foi andando pela floresta negra que estava a ficar cada vez mais escura e as árvores começaram a apertá-la e a encurralá-la cada vez mais. Ela olhou muito desesperada à sua volta até que viu no chão um livro misterioso que brilhava de uma forma estranha. Cheia de curiosidade e desespero, ela abriu o livro e, de repente foi sugada para dentro do livro.
Qual não foi o espanto quando viu que estava dentro de um livro rodeada por números, em vez de palavras.
Olhou em seu redor e viu um enorme e brilhante número três que bloqueava a única saída daquele espaço.
Diana, abriu lentamente a boca e disse:
- Quem és tu? Onde estou?
- Eu sou o Três, o guardião do labirinto do Cálculo – respondeu o Três. E tu que és, ser estranho?
- Chamo-me Diana, sou uma princesa, se me ajudares a regressar a casa recompensar-te-ei com um fantástico tesouro.
- Eu não te consigo ajudar. Só tu conseguirás “ libertar-te”, pois para a minha porta se abrir terás que saber resposta a esta pergunta “Qual é a raiz quadrada de três?”
A princesa Diana olhou para cima e pediu ajuda.
Então algo muito estranho aconteceu: as nuvens começaram a movimentar-se e, no céu, transformaram-se num nove.
A princesa viu e disse muito feliz:
- Já sei, é nove! Agora já me podes libertar!
De seguida o livro abriu-se e ela viu muitos animais, muitas árvores, um sol muito brilhante e muitas cores.
O número três perguntou-lhe:
- Onde está a minha recompensa? Tu tinhas prometido!
- Eu tenho a tua prenda em casa, tenho de a ir buscar! O número três ficou desconfiado e …
Sem que Diana percebesse, pediu aos guardas que a seguissem.
Diana encontra-se agora num mundo desconhecido e bizarro onde tudo era ao contrário.
Esse lugar era governado por crianças sobredotadas, trabalhadoras e muito responsáveis que, de imediato, procuraram ajudá-la. Para que isso acontecesse era necessário ela fazer várias provas porque estas crianças pretendiam ter um mundo onde pudessem brincar e divertir-se sem responsabilidades.
A princesa aceitou a proposta e prometeu ajudá-las a encontrar um lugar brincalhão e divertido. As crianças quiseram saber onde ficava esse lugar e que brincadeiras e divertimentos tinham. A princesa começou a contar-lhes!
- No Reino dos Doces existe uma floresta mágica. No meio dessa floresta está um castelo encantado. No castelo há uma bola onde tudo o que vocês pensam e desejam se torna realidade.
     As crianças ficaram muito entusiasmadas e ansiosas para fazer a viagem até ao Reino dos Doces. Saíram a correr, para preparar as suas mochilas para a grande aventura que as esperava.
      Iria ser uma longa viagem. No reino dos Doces, as nuvens eram de algodão doce, os rios eram de chocolate e as árvores tinham doces em vez de frutos.
       Na floresta mágica, um cão, um coelho e um veado saltaram de trás de uma árvore e começaram a brincar com eles a pregar-lhes partidas e a fazer-lhes cócegas. As crianças ficaram surpreendidas mas, depois, começaram também a brincar.
      Rapidamente chegaram ao castelo e procuraram a sala onde tudo se realizava. A porta tinha o número 12 mas ninguém sabia como abri-la…
      Uma criança encontrou uma lupa mágica que estava por baixo da porta. Essa lupa apontada para a porta refletia a fórmula de a abrir. Então, a criança pegou nela e, de repente todos viram o código escrito. Ficaram muito espantados quando a porta começou a mexer-se.
      Diana e as crianças empurraram a porta e entraram numa sala enorme, com muita luz e cheia de doces. As crianças começaram a pedir os seus desejos e a brincar, mas, subitamente apareceram os guardas e o número três a exigirem o seu prometido tesouro. A princesa pediu que começassem a chover diamantes para lhes dar. Mas quando formulou o desejo de voltar para casa, acordou e apercebeu-se de que tudo não passava de um sonho e que ela era apenas uma pessoa comum.
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Maratona da escrita – 3º Ciclo

As palavras são do mundo? Sim, as palavras são minhas, tuas, … de todos nós.
O que é que acontece quando alguém pensa que as palavras são só suas? Terá medo de as partilhar? Isto depende de cada um.
Por vezes, é melhor estar calado do que dizer algo sem sentido. O papel compreende melhor os nossos sentimentos do que a maioria das pessoas. Será que cada um de nós tem mesmo medo de demonstrar aquilo que sente?
Era uma vez um grupo de jovens, escolhidos pelas suas qualidades, reunidos num barco, no Triângulo das Bermudas. Eram adolescentes de diferentes continentes, que não usavam a mesma língua, por isso, não conseguiam comunicar.    Ryuuki era um japonês de quinze anos que gostava de ler animes. Da mesma idade, a americana Alicia publicava um blogue sobre design, porque era apaixonada por moda. Denilson, com treze anos, adorava praticar desporto em Luanda. Mateus era um colombiano de dezasseis anos, que desde miúdo gostava de dançar. Nicole, com catorze anos, sempre sonhou ser cientista no CERN, em França.
Porém, todos tinham um sonho em comum, criar uma língua universal, Kapodi, falada por todos, entendida por todos. Contudo, como cada um dos jovens era de um continente diferente, esse sonho parecia ser impossível.
Certa noite, uma enorme tempestade abateu-se sobre o barco. O estrondo dos trovões era ensurdecedor, chovia torrencialmente, o barco balançava assustadoramente. Apavorados, os cinco jovens subiram para a coberta para verem o que se passava. A certa altura, uma onda mais forte bateu no barco, que se desfez em pedaços. Com grande agilidade, Mateus atirou a balsa salva-vidas para o mar e, um a um, todos saltaram.     Algumas horas durou a tempestade. De madrugada, adormeceram, exaustos de tanta agitação. Acordaram em frente a uma ilha.
Apesar de assustados, sentiram um grande alívio ao chegar à praia. Depois de se acalmarem, fizeram um círculo e, com alguma dificuldade, tentaram comunicar por gestos e desenhos, de forma a distribuir as tarefas: fazer uma fogueira para cozinhar e se aquecerem; procurar água potável; construir um abrigo; sinalizar a sua presença na areia da praia.
Uma pergunta não lhes saía da cabeça: “Por que razão fomos nós os  escolhidos?”
“Será que fomos escolhidos por sermos diferentes?” Para esta pergunta ninguém tinha resposta.
Denílson, que tinha ficado encarregue de arranjar troncos e folhas secas para alimentar a fogueira, surgiu correndo, soltando uns gritos assustadores. Estava tão nervoso que ninguém entendia os seus gestos, nem os seus desenhos. Foi preciso muito tempo e paciência para perceberem que não estavam sozinhos na ilha.
Segundo ele, tinha ouvido uma voz misteriosa, vinda da árvore mais alta da ilha, que os mandava entrar na caverna, por trás da cascata, e encontrar o papiro sagrado, que continha a língua kapodi, há muito desaparecida. 
Ao ouvir aquela voz, Denilson olhou à sua volta e percebeu que a voz vinha de um grande Eucalipto e perguntou:
- Entrar na caverna? Onde fica essa cascata?
- A cascata fica atrás do monte, mas têm de ter muito cuidado com o guardião da caverna! Ataquem de noite, enquanto o guardião dorme. Só assim terão sucesso.
Não foi difícil manterem-se acordados, a ansiedade dominava-os e não os deixava adormecer. Por volta das duas da madrugada, puseram-se a caminho.
Era uma noite escura, lua nova, caminhavam a custo, de mãos dadas para não se perderem uns dos outros.
O ruído da água a cair, no silêncio da noite, fê-los perceber que tinham chegado à cascata. Nicole, que era a última da fila, tropeçou num tronco e desapareceu na escuridão.
- Nicole! Nicole! - gritavam todos em coro muito assustados.
- Estou aqui, em baixo! Não se preocupem, estou bem.
Sem querer, Nicole encontrara uma passagem secreta para a caverna.   A caverna era estreita, as paredes pareciam iluminadas, seriam diamantes? Parecia dia. O guardião dormia e os seus roncos ecoavam, assustadoramente. Preso ao pescoço encontrava-se o precioso, desejado e sagrado papiro que continha a língua Kapodi. Era preciso tirar o papiro sem acordar o guardião, mas como?
Os cinco amigos aproximaram-se cuidadosamente, pé ante pé, para terem a certeza que ele dormia profundamente. Alicia, que era a mais corajosa, foi a escolhida pelo grupo para tentar tirar o papiro sagrado do pescoço do Guardião.
Aproximaram-se. Alícia tentou retirar o papiro, mas o guardião acordou e agarrou-a. Mateus começou a dançar para o distrair, Denilson e Ryuuki prendem-lhe as pernas com uma corda, Alicia apanha o papiro e Nicole mostra-lhes o caminho para a saída.
Já era de dia. Ouvia-se ao longe um helicóptero que vinha para os resgatar, graças às pulseiras com chip que usavam no pulso.
Subiram a corda de salvamento, com o papiro bem seguro, e foram levados para o Centro de Pesquisa Científica no Hawai.
Quando lá chegaram, estavam exaustos e sujos. A primeira coisa que fizeram foi entrar numa cápsula de desinfeção, pois os cientistas não queriam correr o risco de que houvesse uma entrada de vírus ou bactérias desconhecidas.
De seguida foram entrevistados individualmente, em diferentes gabinetes, para que as histórias fossem comparadas.
Como nesse local havia uma equipa internacional de cientistas, foi fácil para os jovens relatarem todos os acontecimentos de forma pormenorizada.
Alicia era a jovem que estava mais entusiasmada e demonstrava uma vontade enorme em integrar o grupo de investigação do papiro.
Os cientistas começaram de imediato a trabalhar na decifração do papiro. Após várias tentativas conseguiram encontrar elos de ligação entre a língua kapodi e outras línguas do continente africano e asiático.
Os jovens começaram a observar atentamente o que se estava a passar e aperceberam-se que a única intenção dos cientistas era lucrar com as informações que o papiro continha.
A equipa internacional pediu ajuda ao Ryuuki e ao Denilson para decifrarem mais facilmente o papiro. Os jovens aceitaram vigiar o documento que continha os princípios da língua Kapodi. Quando eles se aperceberam que os cientistas estavam perto de o decifrar, Ryuuki conseguiu roubar o papiro.   
Como não queria que descobrissem o segredo do papiro, ele e os seus amigos pensaram em escondê-lo dos cientistas. Esse documento tinha não só a base da língua Kapodi como também a localização da caverna onde se encontrava uma pequena cidade misteriosa conhecida como a «cidade dos diamantes». Como era protegida por um guardião chamado Kanima, ele nunca iria deixar que ninguém a invadisse.

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